Eu odeio aeroporto. Simples assim. E detalhe, quando digo isso exponho a minha personalidade. É muito desagradável estar em um lugar em que tudo parece óbvio pra todo mundo, menos pra mim. Fico lembrando do meu amigo Chester contando sobre como foi ir ao teatro gay (eu ACHO que ele não é), em que todos riam das piadas menos ele. Estou dizendo isso porque tenho a impressão de estar me dando mal sempre que possível. Só pra constar, estou escrevendo de um Boing 747-400 com instruções de emergência em TODAS as línguas menos português! Além disso, peguei um assento perto de onde ficam os comissários fofocantes em francês, mais ou menos no meio do avião. Além disso, tenho de um lado (o da janela) um filipino que fala baixo e um sujeito que lê um livro em francês, mentira, italiano “Don Winslow – Il portere del cane” e que só cochilou desde que entramos aqui – espera só até decolar – E ah, o filipino de costas parece com o meu pai.

Mas vamos lá (acabou de passar o pessoal da dengue aqui. Explico: o comissário=chefe falou uns trecos, e então dois outros percorreram o avião com um spray com cheiro de banheiro apontado pra cima). Voltando: eu nem saí so Brasil e já me levaram 500 merréis: não imprimi a apólice do seguro da wordnomads ( que aliás é meio bagunçado e pouco recomendado...). Mas azar, na próxima vez me planejo melhor. O aero-cara que vai servir meu setor é igual a César Cielo. Aliás, a Air France já ganhou da America Airlines, um pesoal bem humorado, prestativo, tal... E o melhor: ninguém te trata como um potencial terrorista!

Lá vai o bichão... decolou! Neste momento, descobri que o italiano ronca e o filipino, aliás, todos nas janelas, ficam olhando pra fora....

Acabei de assistir ao filme “ tá chovendo hambúrguer” e jantar. Alias, esse foi o meu primeiro jantar “francês”. Em um espaço japonês – não da pra mexer! – veio uma bandejinha com serviço completo: Salade de chayotte et poulé grile (salada de chuchu com frango grelhado); sautá de boeuf a lestragon, riz safrané, carotes vichy (carne sauté ao estragão (!), arroz com açafrão (pra rimar) e cenouras vichy. Além disso, um queojo carmeniére (requeijão de rico), um sonho de valsa, um bolo de chocolate ma-ra-vi-lho-so e café. Nos deram também uma baguete e manteiga sem sal (...). E já que tinha, reguei a refeição com um vinho tinto “La Vielle ferme 2008” numa garrafa plástica tecnológica. Tudo BEM servido e com um toque francês, ou seja, chiquérrimo! Na verdade veio tanta coisa (água também!) que eu não sabia em que ordem comer, Aí imitei o italiano ao lado (e acho que o filipino me imitou).

Nota: Sabe mulher ex-gata? São as aeromoças da Air France. Umas simpáticas balzaquianas.

Nota 2: ganhei um tapa olho, um protetor auricular, fones e papel perfumado. Se essa joça não cair, voarei de novo e sempre por essa companhia. Agora só falta o César Cielo trazer o café e tirar a bandeja. Preciso começar a ler.